Parte da sustentabilidade dos territórios passa pela preservação dos produtos mais ligados à terra e que contribuem ainda para a manutenção de uma alimentação variada. Este é um dos principais pensamentos e objetivos no âmbito do movimento Slow Food, tema que esteve em análise na sessão que decorreu esta quinta feira, dia 28 de outubro, no Castelo de Sistelo, em Arcos de Valdevez e que juntou cerca de 30 representantes de restaurantes, produtores, empreendedores do EMERN-Q e participantes em geral.

O evento voltou a destacar a importância da classificação “Slow Food” dos produtos locais e a relevância que estes podem assumir nas dinâmicas económicas rurais, assim como para os negócios dos empreendedores e empresários, contribuindo para a preservação de tradições, para o desenvolvimento socioeconómico dos territórios e para a sua atração turística.

Em Arcos de Valdevez, o movimento Slow Food surgiu em 2008, como meio para a salvaguarda das populações e aldeias mais rurais e tem contribuído para a diversificação alimentar. Exemplo disso foi a valorização do feijão terrestre, que de produto praticamente extinto, passou, depois de integrar o cartaz de produtos Slow Food, a produto com enorme procura e de grande visibilidade, estando em destaque num dos pratos gastronómicos mais identificativos do concelho, “a carne Cachena com arroz de feijão terrestre”. A importância destes produtos e desta classificação foi destacada pelo engenheiro Jorge Miranda, da In.Cubo, um dos fundadores do movimento Slow Food no Minho.

O objetivo é voltar a revitalizar esta área, dando enfoque à produção primária, ao produto fruto do território e que alavanca a economia local. Alertar empreendedores e empresários para a importância deste setor é também um dos propósitos, uma vez que se pretende trabalhar toda a cadeia, desde a origem do produto até ao consumidor.

Na sessão de networking participaram ainda Eleonora Olivero, como representante do movimento Slow Food internacional e ainda Alfredo Sendim do Montado do Freixo do meio, quinta no Alentejo que é um verdadeiro caso de sucesso a nível nacional. A abertura da sessão esteve a cargo de Francisco Araújo, coordenador geral da In.Cubo.

No final houve ainda tempo para uma degustação de produtos regionais, sendo a maioria deles associados ao movimento Slow Food, como é o caso da broa de milho, carne chachena, e de doces de feijão tarrestre.

 

 

 

 

Sobre a SLOW FOOD:

Slow Food é uma associação internacional sem fins lucrativos, fundada em 1989 como resposta:

– aos efeitos padronizantes do fast food;

– ao ritmo frenético da vida atual;

– ao desaparecimento dos produtos de reduzida expressão;

– ao desaparecimento das raças e variedades, animais e vegetais, locais;

– ao desaparecimento das tradições gastronómicas regionais;

– ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação,

– na procedência e sabor dos alimentos e em como nossa escolha alimentar pode afetar o mundo.

Desde o seu início, o Slow Food cresceu para se tornar um movimento global envolvendo milhões de pessoas em mais de 160 países. O Slow Food acredita que a alimentação está ligada a muitos outros aspetos da vida, incluindo a cultura, a política, a agricultura e o ambiente. Através das nossas escolhas alimentares podemos influenciar coletivamente a forma como os alimentos são cultivados, produzidos e distribuídos, e mudar o mundo como resultado.

 

 

Sobre o projeto EMERN-Q – Qualificação de Micro e Pequenos Negócios

 

O EMERN-Q surge após a conclusão do projeto EMER-N –Empreendedorismo em Meio Rural e visa desenvolver e reforçar estratégias coletivas de qualificação das empresas, apoiar os empresários nas áreas da gestão, torna-los mais competitivos com melhoria de produtos e serviços, contribuir para a criação de mecanismos de apoio à comercialização e à promoção.

O EMERN-Q é um projeto financiado pelo Programa Operacional Regional Norte 2020 e está dividido em dois segmentos, alta densidade e baixa densidade. Na Baixa Densidade a IN.Cubo lidera a parceria, enquanto que na Alta Densidade é o Instituto Empresarial do Tâmega o líder responsável pelo projeto. A parceria junta ainda 7 ADLs: ADRIMINHO, DESTEQUE, CORANE, DOURO SUPERIOR, ADERSOUSA, ADRITEM e ADRIMAG e uma entidade de ensino superior, o Instituto Politécnico de Bragança. O investimento situa-se nos 416 272,80 euros para a parceria da Baixa Densidade e 372 492 euros para a Alta Densidade, cofinanciado pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) em 670 450,08 euros para os dois projetos.